Recém chegados da península, damos por nós em Río Grande. O rio que dá o nome à cidade é um dos melhores do mundo para os pescadores, que chegam às centenas em busca da maior truta de mar da sua vida. Já a cidade em si, resume-se num regresso à época da revolução industrial. Devia ser assim a Europa nesse passado tão próximo ainda. Fábricas e mais fábricas, e casinhas em bairros operários, todas iguais umas às outras, porque é assim que se querem as gentes nas fábricas, todas iguais e ordenadas. O melhor desta cidade são o Mauro e a Cintia, em casa de quem ficamos dois dias, a comer um por um todos os quilos que perdemos na península.
Desta cidade saímos na pick-up do nosso recém-feito amigo Tommy, antigo artista, malabarista e vendedor ambulante, agora convertido em guia de pesca para os ricos dos Estados Unidos e Europa que pagam mais de 6000 dólares por uma semana num lodge de pesca de luxo. A poucos quilómetros da fronteira, voltamos finalmente à estrada com o nosso Quetzal. Atravessamos a fronteira para o Chile no paso Radman ou Bella Vista (dependendo do ponto de vista de cada país). Passamos os próximos dias a pedalar através do que seriam as nossas últimas batalhas de ciclista com a pampa e o vento patagónico, «assaltando» puestos de estâncias para passar a noite e desencantando refúgios onde possível. Eventualmente sucumbimos às evidências, ao fim de um dia inteiro de ventos alucinantes de frente (durante o qual 5 km/h foi provavelmente a nossa melhor velocidade, atingida em descidas de 40 graus de inclinação) e depois de termos de parar carros para pedir água. Lá pomos o Quetzal na caixa de um camião enorme de transporte de ripio e chegamos a Porvenir, à pensão familiar da avó da Carina. Depois de uma aprendizagem rápida sobre os indígenas Aonikenk que viviam por estas paragem há menos de 100 anos e da travessia do Canal de Magalhães, bem mais fácil no ferry que na Nau Trindade, saímos por fim da Tierra del Fuego. Apanhou-nos bem esta ilha, com o seu vento de Norte-Noroeste que não nos queria deixar avançar: quase dois meses, mas é tempo de seguir em direcção ao calor.























Mauro y Cintia – Tommy – Sr. do camião amarelon- Carina y família.
2 Respuestas
Nadia BLEIN
L’attente ……
J’ai bien compris que les connexions étaient bien lentes pour mettre à jour le site … alors … on attend … !
Maria Filomena Gonçalves
Afinal sempre apanharam uma boleia… E tinha de ser um camião amarelo, a minha cor preferida….
Obrigada pelas fotos e o relato respectivo. Beijinhos aos dois e muita força.
Mena